Além de Telexfree, BBom e mais 4 são investigadas
no Rio Grande do Norte
Ministério Público
apura se empresas são usadas para montar pirâmides financeiras
A BBom, que vende
rastreadores para carros por meio de marketing multinível, e a Multiclick, de
publicidade online, serão investigadas pelo Ministério Público do Rio Grande do
Norte (MP-RN), em conjunto com outras quatro empresas.
A suspeita é que os negócios sirvam para a montagem de pirâmides
financeiras, o que é crime no Brasil. Uma investigação semelhante levou a Justiça do Acre, no mês passado, a
suspender os pagamentos da Telexfree , que tem entre 450
mil e 600 mil divulgadores.
As investigações
foram decididas na manhã desta terça-feira (2), em reunião na
Procuradoria-Geral de Justiça, e o inquérito será instaurado até quinta-feira
(4). Além de BBom e Multiclick, serão analisadas as atividades de Telexfree,
Nnex, Priples e Cidiz.
A Bbom, que conta com cerca de 300 mil associados, também despertou a
atenção dos promotores do Acre, que fazem um "levantamento inicial"
sobre a empresa, diz Danilo Lovisero, coordenador do Núcleo de Apoio
Técnico (NAT) do Ministério Público do estado.
"Num primeiro momento, [ o MP ] se voltou contra
a Telexfree, mas é óbvio que vamos ter de investigar também a atuação da Bbom e
demais [ empresas com atuação
semelhante ] para verificar se estão praticando o mesmo tipo de pirâmide
financeira", afirma Lovisero. "Se configurado no levantamento
preliminar, com absoluta convicção será instaurado inquérito civil e até criminal."
Ednaldo Bispo,
diretor da BBom, nega que haja irregularidades.
"A gente tem
conhecimento sim dessas suspeitas, mas, antes de mais nada, nós não fomos
notificados por nenhum Ministério Público."
Os representantes
da Telexfree também sempre defenderam a legalidade do modelo de negócios da
empresa. Procurados desde o dia 28 de junho, os porta-vozes da Multiclick não
foram localizados. A Nnex não retornou os contatos feitos na tarde desta
terça-feira (2) e os responsáveis pela Cidiz e pela Priples não foram
localizados.
'Febre de pirâmides'
Nesta segunda-feira (1º), o iG revelou que, em todo o País, ao menos sete empresas estão em investigação
por suspeita de serem pirâmides financeiras , de acordo com a Associação do Ministério Público do Consumidor
(MPCON). Amaury Oliva, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, considerou haver uma
"febre" desse tipo de fraude no País.
O DPDC elabora uma
nota técnica para auxiliar consumidores e órgãos de defesa a definir o que é
pirâmide e o que é marketing multinível (MMN), um modelo de varejo legal em que
os vendedores ganham bonificações pelas comercializações de outros vendedores
atraídos para o negócio.
Uma diferença
fundamental é que, nas pirâmides, o faturamento da empresa vem sobretudo das
taxas de adesão pagas por quem entra na rede, e não da venda dos produtos,
informa a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).
'Marketing multinível acelerado'
Fundada neste ano,
a BBom cobra dos revendedores taxas de adesão que variam de R$ 600 a R$ 3 mil.
Mas, segundo Ednaldo Bispo, diretor da empresa, o faturamento depende sobretudo
dos produtos e serviços – no mês passado, foi lançado um bactericida.
"O faturamento da BBom vem principalmente dos serviços de
rastreamento [ de veículos ] e da venda de
equipamento de monitoramento [ de veículos ]. É esse o
faturamento que a gente divide com a rede [ de
divulgadores ]", diz Bispo. "Se hoje pararem de entrar pessoas no sistema,
a BBom continua funcionando."
O diretor afirma haver pouca compreensão sobre o marketing multinível no
Brasil, o que leva à confusão entre negócios legítimos e fraudes.
"Como algumas empresas se apoderam e não adotam o multinível [ corretamente ], nós que praticamos um MMN um pouco
acelerado somos colocados nesse meio", diz Bispo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário